quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Bioblog com biopostagens

O prefixo "bio" tem se tornado moda em todos os ramos da atividade humana. Então, sem biobeiras, vamos a alguns bio-exemplos: Biocombustíveis, biodiesel, biorremediação, biomedicina, biotecnologia, biomassa, enfim, quer ver mais exemplos basta digitar "bio" no Google e esperar que ele complete a palavra para lhe dar sugestões. Garanto que aparecerão no mínimo umas 10.

Não é novidade o termo "bioplásticos" que tem sido utilizado para designar polímeros que ou foram reciclados, ou que são biodegradáveis, ou que são reutilizáveis e, mais recentemente que são biosustentáveis. Na química não é nenhuma novidade a possibilidade de interconversão entre materiais, principalmente aqueles à base de átomos de carbono como os polímeros plásticos - PE, PES, PET ou PVC -, contudo a Coca-Cola tem feito muita propaganda em torno de sua nova PlantBottle, uma garrafa com um bioplástico que utiliza em sua composição 30% em massa de átomos de carbono derivados da plantação de cana brasileira. 
propaganda da Coca-cola: retornos garantidos por parte dos biocertinho

Mas antes de continuarmos com esse assunto, vamos entender como a cana de açúcar pode virar garrafas PET. Veja abaixo a figura que ilustra a produção de biodiesel no post: Prá falá certo de bioconbustivel. O etanol produzido (de fórmula CH3─CH2─OH) é convertido em etilenoglicol (ou etano-1,2-diol, HO─CH2─CH2─OH). Este último é o composto que combinará com o ácido tereftálico (ou ácido 1,4-benzodicarboxílico, HO─CO─ Φ ─CO─OH onde o Φ indica a presença de um anel aromático/benzeno). A reação então se dá da seguinte forma (você consegue mais informações sobre o polímero PET no livro "Construindo com o PET: como ensinar truques novos com garrafas velhas" de dois colegas meus http://www.livrariadafisica.com.br/detalhe_produto.aspx?id=27382):

No primeiro quadro, o ácido tereftálico (ainda originado do petróleo neste processo de produção da garrafa da Coca-cola) e duas moléculas de etilenoglicol reagem para formar a estrutura primária do tereftalato de etila, no segundo quadro, com liberação de duas moléculas de água. Outras reações desta estrutura primária reagem com outros ácidos tereftálicos nas e formam o politereftalato de etila, PTE ou do inglês PET (várias moléculas de "mãos dadas"). Daí o fato de uma garrafa 30% sustentável pois ainda não há uma forma barata de se obter o "maior pedaço" do PET de subprodutos da cana de açúcar.

Vantagens óbvias. Desvantagens a serem discutidas: a saída deste etanol faz falta no mercado nacional de combustível - os preços sobem pela velha máxima da economia da oferta e procura. Outra desvantagem discutida no artigo http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=is-plastic-from-plants-good-for-the-environment-or-bad é a possibilidade de falta de oferta de açúcar (outro derivado da cana) e da própria falta de local para o plantio de cana. 

Enfim, muito biopano para a manga.

Nenhum comentário: