quarta-feira, 17 de março de 2010

Cavernas em Canga

A quinta caverna é descoberta no Parque das Mangabeiras em Belo Horizonte/MG
(divulgação do Informativo SBE)


Quem visita um dos maiores parques ambientais da grande metrópole que engloba a capital mineira mais outras 7 cidades (Contagem, Betim, Santa Luzia, Nova Lima, Vespasiano, Pedro Leopoldo, Brumadinho), não tem idéia da riqueza espeleológica que a região do Mangabeiras, inserido na Serra do Curral, pode apresentar.


Esse pedaço do Quadrilátero Ferrífero, constante alvo de diversas minerações, traz uma fauna e flora exuberantes que se desenvolvem sobre um campo ferruginoso, estendendo-se por centenas de quilômetros entre vários municípios mineiros. Agora, sob esse manto duro, formado em locais específicos – as cangas – um grupo de pesquisadores vêm desenvolvendo um trabalho de cadastro, mapeamento e levantamento de artrópodes das grutas, pequenas, mas de grande beleza.

Esse buraco é caverna?”, foi a pergunta feita por um dos guardas responsáveis por uma área de 337 hectares quando o mesmo apoiava o professor Evandro Gama em uma de suas outras pesquisas na área. Esta é a quinta e a menor das cavernas até agora encontradas na região e que está em fase final de topografia. A maior já era cadastrada na SBE, MG-525, mas em seu cadastro faltavam alguns dados. Ao lado desta caverna de 16 metros, outras duas estão sendo estudadas, visando tanto seu potencial biológico quanto microbiológico por dois projetos financiados pelo Centro Universitário UNA.

As cavernas já foram objeto de matérias em reportagens para a TV e jornais da capital de MG, chegando até mesmo a edições nacionais, porém a administração do parque quer proteger as cavidades de qualquer visitação devido ao frágil ecossistema ali evidenciado pelos pesquisadores.

O potencial do parque a da região de entorno é pouco explorado na espeleologia ou ainda pouco divulgado à comunidade espeleológica principalmente devido ao fato de se tratarem de cavernas pequenas e que passavam despercebidas por trabalhos geológicos anteriores. Ainda, de acordo com o guarda-parque, algumas grutas podem ter sido perdidas durante a época de implantação do parque em que trilhas, estradas e outras transformações arquitetônicas modificaram a paisagem do parque.

Luciano Faria (luciano_far@yahoo.com)


Reportagem para a Rede TV!


Capa do Jornal Hoje em Dia ( 06.07.2009 BH - MG)



Matéria - Caderno Minas


sábado, 13 de março de 2010

Parque Estadual do Sumidouro

Aqui em Minas Gerais, quando se fala em "sumidouro" muitos se assustam. Aqueles do interior vão ter pesadelos com a palavra ao associá-la a um delicioso banho de rio, seguido pela sucção por um buraco que o levará para o fundo e de lá para outras dimensões (entendo como a dimensão dos não-vivos). Ao menos este era o meu terror de infância pois, menino em Alto Caparaó, tinha como um dos esportes prediletos de verão, o de me divertir em poços do rio manso que corta a cidade, muito conhecida pelo Pico da Bandeira e pelo Parque Nacional do Caparaó.

Mas, de parque em parque, fui aprendendo um pouco mais sobre as belezas de nosso estado. A palavra sumidouro aqui agora é associada a um destes refúgios que já tem um bom tempo de inauguração, mas que agora, com a expansão da cidade administrativa do governo estadual para a zona norte da grande BH, está ganhando mais espaço, não só físico, mas também mais espaço na mídia.

Com belezas naturais únicas, uma flora e avifauna exuberante, o parque vai aos poucos englobando áreas circunvizinhas para se tornar uma das maiores reservas cársticas do país.
Além do mais, o parque é o berço da paleontololgia, arqueologia e espeleologia inaugurada por Lund por volta de 1880 enquanto o dinamarquês explorava grutas e, no seu caminho, encontrava ossadas de animais e de uma população pré-históricas. E mais ainda, encontrou vestígio dos mesmos - pinturas rupestres - deixados em grutas e paredões de calcário presentes na região.
A foto acima ilustra um dos locais que mais impressionou o naturalista. Ali, nas bordas da lagoa do Sumidouro (onde sim, uma pessoa pode ser sugada para o além), Lund encontrou, fossilizados, ossos de animais extintos e homens primitivos juntos, o que e levou a hipótese que os dilúvios, nos quais ele acreditava, não teriam extinguido somente preguiças gigantes mas também homens. Isso teria ido de encontro aos dogmas cristão que ele tanto defendia, fato que, de acordo com alguns estudiosos, levaram Lund a parar suas pesquisas.

Atualmente os pesquisadores são outros. Espeleólogos estão visitando constantemente o parque para ajudar no plano seu de manejo para que uma maior quantidade de visitantes possa descobrir suas belezas naturais. Belezas que são descobertas a cada novo olhar, como dos cristais, ainda não identificados, que foram encontrados no mesmo local que confundiu Lund:
Os novos visitantes poderão perceber ainda que, apesar dos diversos impactos que sofridos naquele local, a natureza tem a capacidade de dar a volta por cima, e transformar uma mineração como a da foto abaixo em um refúgio para pássaros.