domingo, 25 de julho de 2010

Relatório, nada científico, do segundo Curso de Espeleologia


Hoje foi concluído mais um "Curso de Introdução ao Estudo de Cavernas (Espeleologia)" pela UNA que contou com a participação de 8 alunos inscritos, mais 4 monitores. Desde a última terça-fera, os alunos puderam conhecer um pouco sobre a ciência fantástica que trata dos subterrâneos do nosso estado - a Espeleologia.

A interdisciplinaridade foi a palavra central, não só do curso, mas também dos participantes: geógrafos, biólogos, ecólogos, físicos, químicos, eng. cartógrafa e técnicos em geologia. Desta forma, nada melhor do que fechar um curso falando de projetos que podem ser e dos que são realizados em meios acadêmicos. Assim, pudemos mostrar os trabalhos de biologia e botânica realizados pelos organizadores do evento e, mais ainda, mostrar as áreas de estudo: O Parque Estadual do Sumidouro e a Serra da Piedade. Seguem algumas fotos e seus comentários.


Após o "apagão", muitos não conseguiram ficar 30seg. parados

A Luana nunca brincou de "estátua", também nunca muda esta pose de assustada dela

Só alegria: depois de passar por um buraco destes, todos dão valor às mães

Estes foram os únicos 30 segundos de silêncio que eu tive da turma durante as palestras. E olha só a cara da Luana, a mesma da segunda foto

"Se o biólogo foi...", "Espeleo-inclusão dos gordinhos...", tudo isto o Anderson teve que escutar depois deste parto
"Parto" que foi fácil pro Luiz, que mostrou que é bom de vertical e horizontal. Foi tão rápido que parecia um escutigeromorfo

Aí, Renata, esta foi a gruta que você não conheceu: Piedade

Não siga a luz, Manuela

Ficou parecendo a capa de um CD do Bee Gees



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Segundo Curso de Introdução ao estudo de Cavernas - UNA

Mais uma vez em parceria com o Centro Universitário UNA, será realizado o curso de "Introdução ao estudo de cavernas - Espeleologia" no mês de Julho. A iniciativa é devido ao sucesso, não de público, mas, de crítica daqueles que cursaram a versão de Janeiro.

A estrutura do curso será a mesma, porém, os dias serão diferentes. Não vou falar muito mais sobre a estrutura do curso, que pode ser encontrado no site http://www.una.br/cursosdeextensao/cursos_curta_duracao_2010/intro_estudo_cavernas.html
quero sim é divulgar algumas fotos do primeiro curso que foi muito bacana.

Além das fotos que vão no primeiro post deste blog (veja abaixo), vão, a seguir, algumas outras que valem a pena se comentar:

Como eu disse, apesar de não ter sido sucesso de público (muitos dos inscritos acabaram por não ir) a primeira versão foi ótima graças a este grupo daí de cima, em uma fotografia no salão principal da Gruta dos Túneis. Faltou a Luana, responsável pela luz amarela lá do fundo. Esta caverna é um "laboratório" de prática de espeleologia pois oferece ao aluno de cursos de espeleologia todas as experiências possíveis de um ambiente cavernícola: dutos estreitos, largos, com escalada e obstáculos a serem transpostos, uma biologia exuberante que só não é completa pois tal gruta não é muito visitada por morcegos. Ela tem ainda diversos ambientes que vão de locais úmidos e escuros a abrigos claros e de ampla visão, que serviria como a habitação perfeita para um ermitão.


Esta é a boca principal por onde entramos e saímos. Apesar da proximidade com a gruta da Lapinha que recebe um grande público, não só esta gruta mas toda a área tem um rigoroso controle tanto por parte da prefeitura municipal de Lagoa Santa, quanto pelo IEF que é responsável pelo Parque do Sumidouro cuja área abrange o local de nossa visita.

Esta foto representa parte daquilo que tentamos defender ao ministrar cursos como este. Qualquer "amante do mundo subterrâneo" ou espeleólogo (como alguns podem nos taxar) que se preze não deve pensar em cavernas apenas como desafios aos seus limites, mas sim lutar para proteger naturais que vão bem além do patrimônio mineral das mesmas, até mesmo de detalhes que no nosso cotidiano corrido de metrópole deixa passar despercebido, como o da aranha acima. Minúscula (escala milimétrica), mas audaz o suficiente para predar mariposas, vezes maiores que ela, que visitam a caverna do Parque das Mangabeiras.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mais uma Matéria

Olás, depois de séculos de sumiço, so hoje volto a "postar" alguma coisa no blog. De agora em diante, para todo meus fiéis 8 seguidores, prometo atualizar mais as notícias de ciência, de uma forma geral.

Bom, mais uma vez o projeto que desenvolvemos no Parque das Mangabeiras foi destaque da imprensa belorizontina. Desta vez chamando a atenção para os "espécimes raros" que lá encontramos e também para um suposto osso humano encontrado na gruta recentemente descoberta que se desnvolve em dolomito. Não vou me alongar muito pois abaixo vou colar a matéria, mas, respondendo aos milhares de e-mail que nem eu nem a redação do jornal receberam, o tal "suposto osso humano" não passa, nada mais nada menos, que um dos ingredientes que não pode faltar na boa e velha feijoada de sexta feira. O osso era realmente de uma falange média (o penúltimo osso a lhe apontar alguma coisa que tenhas feito de errado) porém de um suíno qualquer. Como ele foi parar lá éque eu não faço a mínima! A seguir a matéria disposta no link http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/07/05/noticia_minas,i=167209/CAVERNAS+ENCONTRADAS+NO+PARQUE+DAS+MANGABEIRAS+ABRIGAM+ESPECIMES+RAROS.shtml

Cavernas encontradas no Parque das Mangabeiras abrigam espécimes raros

Flávia Ayer - Estado de Minas

Publicação: 05/07/2010 06:41 Atualização: 05/07/2010 06:51

A bióloga Luana Silva e o químico Luciano Emerich em mais uma incursão para investigar as cavernas na região da Serra do Curral - (CRISTINA HORTA/EM/D.A PRESS)
A bióloga Luana Silva e o químico Luciano Emerich em mais uma incursão para investigar as cavernas na região da Serra do Curral
Engarrafamentos quilométricos, arranha-céus a perder de vista, o cinza do asfalto e o barulho ensurdecedor da metrópole escondem uma Belo Horizonte da era das cavernas. Esse pedaço pouquíssimo conhecido da cidade, que nos remete à formação do universo, está num dos pontos mais visitados da capital mineira, o Parque das Mangabeiras, no bairro de mesmo nome, na Região Sul da capital, mas fora do alcance dos visitantes. Um grupo de pesquisadores vasculhou, por dois anos, a maior área verde de BH atrás de lugares que, para um observador comum, poderiam ser simples buracos e encontrou cinco cavernas, uma delas no Parque Serra do Curral, vizinho ao Mangabeiras.

A descoberta mais recente, este ano, veio acompanhada de um intrigante vestígio: um osso que se assemelha à falange de um dedo humano.
A finalidade do estudo era investigar que tipo de vida habita ali, mas revelou muito mais. Além de achar os chamados troglóbios, espécies que vivem unicamente em cavernas, a equipe, composta por quatro biólogos e um químico, chegou a grutas raras, que não são feitas de rocha, mas de canga, formação geológica rica em ferro. Esse tipo de caverna é encontrado apenas na Serra dos Carajás, no Pará, e no Quadrilátero Ferrífero, na Região Central de Minas. “Ainda não se sabe como acontece o processo de formação das cavernas em canga”, afirma a bióloga Kátia Maciel Lima, justificando a importância de estudar e preservar esses lugares.

O conhecimento dos funcionários do parque sobre a área deu o traçado para o grupo: às vezes, a referência era apenas a existência de um “buracão”. Em vez de buraco, os pesquisadores se viram diante de belas cavernas, que uma das integrantes da equipe, a bióloga Luana da Silva, define como “quaisquer cavidades naturais que ocorrem em rocha ou canga e comportam a passagem humana”. A estimativa é que, numa expedição mais aprofundada, o número de cavernas da área verde, que tem 2,8 milhões de metros quadrados, suba de cinco para 50. Se comprovada a marca, o parque se transformaria em um dos maiores redutos de grutas em Minas. Em Belo Horizonte, essas cavidades moldadas pela natureza estão restritas ao Parque das Mangabeiras e à Mata do Cercadinho, no Bairro Buritis, na Região Oeste.

A maior caverna encontrada pelos pesquisadores, com 18,5 metros de comprimento, já havia sido registrada na década de 1980 na Sociedade Brasileira de Espeleologia. Próximas a ela, duas outras cavernas, de nove e sete metros de comprimento, foram identificadas, além de uma quarta caverna, no Parque Serra do Curral, com 16 metros. A recém-descoberta Gruta do Mirante, com nove metros de comprimento, no Mangabeiras, é a única formada pela rocha dolomito, da mesma família das rochas calcárias, tipos mais comuns no Brasil e que têm como representantes as grutas da Lapinha, em Lagoa Santa, e Rei do Mato, em Sete Lagoas.

Mas, embora seja de tipo mais comum, a Gruta do Mirante não se torna menos interessante. “Ela tem duas claraboias no teto, formando um jogo de luz muito interessante”, afirma o químico e apaixonado por espeleologia Luciano Emerich Faria. Na gruta foi encontrado um osso que se tornou grande incógnita para o grupo, pela semelhança com um osso humano. O material foi coletado e encaminhado para pesquisa. “Ele se assemelha muito à falange humana. Como a caverna tem abertura com o meio externo, fósseis podem ser trazidos até aqui”, afirma Faria, que, apesar de não descartar a possibilidade de homens pré-históricos terem habitado as proximidades, pondera que a conclusão depende de estudos mais aprofundados.

Fonte de pesquisa

Alimento para o imaginário popular, as cavernas são também combustível para a ciência e, só no Parque das Mangabeiras, oferecem material de sobra para pesquisa. Além dos ossos, materiais e seres vivos interessantes foram encontrados, como um pequeno anuro, confundido com a rã. Na estação seca, ele busca abrigo na escuridão e umidade das grutas. As aranhas têm cadeira cativa nesses recantos formados há milhões de anos, entre elas a aranha marrom, muito venenosa. Capaz de sobreviver sem luz, o fungo lignocelulíticos, especialista em decompor madeira, é o prato predileto de besouros e grilos.

Trata-se de um universo milimétrico, que muitas vezes passa despercebido aos olhos e pés de visitantes desavisados. “Isso dá noção da fragilidade das grutas”, alerta Faria. Mas, ao mesmo tempo, um mundo de conhecimento. “Podemos trazer diversas ciências para dentro das cavernas. A geologia vai olhar para as rochas, a arqueologia para os vestígios de ocupação, como as pinturas rupestres. A biologia procura as espécies que vivem nas cavernas”, explica Faria. Diante de tanto a ser descoberto, o alerta dos pesquisadores é para que essas cavernas, fechadas à visitação, continuem bem longe dos passeios turísticos. “Temos que conhecer e preservar. O acesso ao público traria um impacto grande”, afirma Kátia.

Carverna em ameaça


No país, há 7,3 mil cavernas, sendo que mais de um terço delas está no território mineiro. Mas, apesar da comprovada importância das cavernas para a ciência e a história, a legislação brasileira põe em risco a preservação de grande parte dessas formações. A lei classifica as cavernas naturais por quatro critérios de relevância: máximo, alto, médio e baixo. Apenas as de relevância máxima têm proteção garantida, sendo que as demais podem ser destruídas, com autorização do órgão ambiental. “As cavernas sofrem grande pressão das mineradoras, que não têm interesse em preservá-las”, ressalta a geógrafa Manuela Pereira, que acaba de se integrar ao grupo de pesquisadores sobre o assunto no Parque das Mangabeiras, em BH.

Curso

Para interessados em estudar espeleologia, o Centro Universitário UNA vai oferecer o curso de férias Introdução ao estudo de cavernas. As aulas ocorrem na última semana de julho, de terça-feira a domingo. São quatro dias de lições teóricas e, no fim de semana, a turma vai a campo explorar o universo das grutas e cavernas, no Parque Estadual do Sumidouro, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de BH, e no Parque das Mangabeiras, na capital. A matrícula é de R$ 30 e o curso tem valor de R$ 210. Mais informações e inscrições pelo site www.una.br.