"Começa aqui a sua revista semanária da TV". Desta forma, todo santo domingo às 20:30, começa um dos programas de maior audiência da TV brasileira. Programas que se dizem divulgadores de ciência e de todo outro tipo de bugingangas do cotidiano alheio. Mas o que me chamou a atenção hoje não foi mais um caso de morte, assassinato ou de um bichinho bonitinho na TV, mas sim o fato da letra deste telejornal que falava de um "homem de plástico". Que Fantástico! E, graças aos bons Alá, Buda e Tupã que nada disso ainda virou realidade, a não ser para um pequeno grupo de fantasiadores sexuais que manipulam com carinho suas bonequinhas infláveis.
E de plástico dizem ser uma "ilha" flutuante nos interiores do Pacífico, como alertam muitos ambientalistas e oceanógrafos. Acho, literalmente, coisa de outro mundo, imaginar um local como este, por isso encaro com certo ceticismo as notícias que recebo em e-mails ou que vejo em cada site da internet.
Um trabalho interessante foi o que está publicado pela SEA (Sea Education Association: http://www.newscientist.com/article/dn19340-mystery-of-the-atlantics-missing-plastic-flotsam.html) que recentemente coletou, com uma rede fina, diversas amostras de plásticos ao longo de trechos do Oceano Atlântico. O que mais parece estranho é que, quando comparado ao que já fora lançado ao mar nas últimas décadas, ao que parece, os plásticos (são várias as suas formas e composições químicas) têm sido menos comuns em capturas como esta que foi realizada, o que contrasta com outra realizada que toneladas e mais toneladas de embalagens deste tipo estão sendo descartadas todos os dias.
Será o sucesso de reciclagem? Ou a transformação de matéria em energia de acordo com o enunciado por Einstein (E=mc^2)? Ambas, mui fantasiosas teorias, são praticamente improváveis o que, infelizmente, nos traz uma péssima realidade, a de que todo este material pode estar encontrando outros rumos ou deposições inesperadas (nos fundos dos rios e mares, por exemplo) ou ainda poderiam estar se deteriorando em pedaços muito pequenos.
Mas se engana quem acha que só em mares este fenômeno acontece. Basta uma chuva forte, por exemplo, para fazer que venha à margem da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, uma maré polimérica multi-colorida como a da foto abaixo que tirei há dois anos.
uma onda de materiais plásticos descartados
Perdem com isso todos os animais aquáticos que adicionam em sua dieta o suculento PVC ou o Teflon, temperados com cloretos e fluoretos, o crocante PET ou o light PES - o famoso isopor. Pior ainda que muitos componentes da fauna e flora marinha são a principal fonte alimentar de várias populações. Enfim, o medo de um colega em não aquecer leite em canecas plásticas pelo medo de dar à sua filhinha "plástico dissolvido" acaba me pondo em dúvida a própria origem do leite. "Leite plástico", isso sim é Fantástico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário